“O” Carteiro de Castro Laboreiro foi e, enquanto perdurar a sua memória, há-de sempre ser o saudoso Nelo “Picota”.
Pessoa extremamente simpática, amável e dotado de um peculiar sentido de humor, o Nelo fartou-se de calcorrear a freguesia a entregar as novidades e as cartinhas vindas, sobretudo, da França e que traziam, como ainda hoje trazem, os cheques das reformas tão duramente conquistadas pelos nossos conterrâneos que esfolaram os lombos desde a mais tenra idade naquele país, fugindo à álgida avareza desta nossa querida terra.
O Nelo para além de ser “O” Carteiro também era "O" Sacristão e “braço direito” do Senhor Abade, coadjuvado, nestes ofícios, pela “Lissa”, sua irmã que ainda hoje, após o triste decesso do Nelo, exerce, competente e valorosamente, a nobre e piedosa função de ser a “Sacristã” da Igreja de Santa Maria de Castro Laboreiro. Fenómeno raro este da “Lissa” ser “Sacristã”! Não devem haver muitas mulheres, na cristandade, a exercer tais funções! Por isso sejam discretos e não se ponham a espalhar por aí a notícia de tal fenómeno, isto porque se a coisa chega a Roma nunca se sabe o que poderá acontecer!?
Dizia eu que o saudoso Nelo “Picota” foi, e enquanto a sua memória perdurar, há-de ser “O” Carteiro de Castro Laboreiro. Bom! Convém desde logo que se saiba que isto de ser o Carteiro de Castro Laboreiro, como de uma qualquer outra terra esquecida nos confins desta tão maltratada Pátria, não é uma profissão qualquer! Não é não senhor! Não se trata de um mero e rotineiro funcionário que ciclicamente vai pelas ruas a enfiar sobrescritos em caixas de correio! Não é como o carteiro da cidade que, se casualmente encontramos, nos merece este fugaz pensamento: -“Ah! É o carteiro!” E não lhe ligamos nenhuma, porque afinal é só um tipo que está ali a cumprir uma tarefa que no nosso íntimo, bem lá nas obscuras profundezas do nosso íntimo, consideramos desagradavelmente subserviente! Ser Carteiro em Castro Laboreiro é coisa absolutamente diversa!
Se não acreditam vejam
estas fotografias da autoria do
Pedro Vilela, de seu pseudónimo
Dexter! Trata-se de uma reportagem fotográfica composta pelo autor que, num frio e chuvoso dia de Primavera, acompanhou efectivamente o actual Carteiro de Castro Laboreiro no cumprimento das suas obrigações profissionais. São fotografias magníficas onde a estranha simbiose entre autenticidade e o intimismo nos revelam um Castro Laboreiro deslumbrantemente belo e digno na sua altiva e despretensiosa solidão.
Apresento aqui o meu protesto de gratidão ao Pedro Vilela e, principalmente, aos Carteiros de Castro Laboreiro, de hoje e de sempre!